domingo, 3 de novembro de 2013

A beleza da vida


Certa vez uma leitora me pediu que comentasse sobre o significado da seguinte frase: “Que a morte de um ente querido seja luz para a nossa vida!”.

À primeira impressão, pode nos parecer que essa afirmação seja totalmente incoerente. “Como pode a morte de alguém que amamos servir-nos de luz?” – você poderia perguntar.

Vou procurar falar disso sem tocar em nenhuma religião em específico, para não parecer tendencioso.

Vivi muitos ano no Japão e lá as estações do ano são muito bem definidas. Então, aprendi a observar com cuidado o ciclo da vida.

No outono, as folhas das árvores começam a mudar de cor, tornam-se vermelhas, ou alaranjadas, ou marrons, até que caem todas, deixando as árvores apenas nos troncos e galhos.

Então, entra o inverno…

Durante todo o inverno, as árvores ficam desfolhadas, secas, com a aparência nítida de que não têm vida, de que morreram para sempre.

Os insetos somem, os pássaros desaparecem, a temperatura esfria, como se o sol não voltasse mais a nos aquecer, o céu fica cinza e só clareia quando a neve cai e cobre todo o solo.

A vegetação, já aparentemente sem vida, some então sob a neve. Tudo é muito triste e parece ser o fim.

E depois, chega a primavera…

O céu se abre aos poucos e, com os primeiro raios de sol da primavera, de repente, podemos observar uma borboleta saindo do casulo, alguns insetos voando, pequenas aranhas – na maioria filhotes que acabaram de sair dos ovos – armando suas teias, pássaros piando, depois voando, depois cantando, depois montando seus ninhos. E os novos filhotes ganhando os céus e trazendo música para a vida.

Olhando-se mais de perto para aquelas árvores aparentemente sem vida, passamos a observar centenas de pequenos brotos, cheios de força, sendo chamados novamente à vida.

Depois de poucas semanas, toda a exuberância da natureza está restabelecida, toda a beleza nos é devolvida. Toda a vida renasce daquilo que poderíamos jurar que estava morto.

É assim o ciclo da vida…

Mas o que isso tem a ver com a pergunta daquela leitora?

Bem, eu disse que não falaria de religião, mas não disse que não falaria de Deus. Então eu lhe faço apenas uma pergunta: “Se Deus tem todo esse cuidado com o restante da natureza, por que razão não teria esses mesmos cuidados, ou até mesmo ainda mais cuidados, conosco, que somos Seus filhos feitos à Sua semelhança?”

Isso tudo, para mim, diz apenas uma coisa: a vida não termina. Ou ainda, a NOSSA vida também não termina. Ela se renova a cada primavera (ou a cada morte e a cada nascimento).

Não vou entrar no mérito dessa questão para, como eu já disse, não ser tendencioso. Mas não posso negar a grandeza deste mundo de Deus, que pude presenciar por anos a fio observando a natureza.

Então, se pensarmos que somos partes desse imenso universo de Deus e, como tudo, apenas nos renovamos, por que deveríamos temer ou chorar a morte?

Veja bem, não estou dizendo que não tenhamos sentimentos de tristeza com a separação de nossos entes queridos. Apenas quero dizer que, quando um ente querido se vai do nosso convívio, devemos sim curtir a nossa tristeza, pois isso faz parte da nossa natureza e é necessário para lavar a nossa alma e refrescar o nosso coração. Mas podemos também aprender a ver nessa partida a beleza da renovação da vida.

A partida de um ente querido pode nos chamar a atenção para a grandiosidade da vida, da mesma forma como o nascimento de um filho o faz.

Essa consciência da nossa condição temporária neste mundo e da nossa eternidade como filhos de Deus nos vem a partir desses dois acontecimentos: o nascimento e a morte.

Encarar a morte de um ente querido pode abrir, então, nossos olhos para a luz da compreensão da nossa existência: Será mesmo a morte tão definitiva? A natureza nos diz que não!

Podemos nos tornar mais fortes e confiantes nesses momentos de provação, se os aproveitarmos para compreender a grandeza e a beleza da vida que Deus nos deu.

Pense sobre isso!


     Um abraço e muita Paz!

     Gilberto Cabeggi
     Escritor – Assessor Editorial – Ghost Writer
     Ajudando você a transformar
     suas ideias em livros de sucesso











4 comentários:

  1. Lindoo Gilberto!!!! É bem isso mesmo!!!!

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  2. Lindo e muito bem dito, esclarecedor.Parabéns!

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  3. A alma, como a vida, são irmãs na Eternidade. É inevitável a chegada, a permanência efêmera no plano material e a partida, do corpo, para outras esferas. A alma é o salmão que quer voltar para o lar. Abraço, Gilberto! Obrigado por essa reflexão.

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